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De Niro em Buenos Aires, Almodóvar no oeste e Michael Caine em casa

Luis Brandoni e Robert De Niro em " Nada" (Foto: Divulgação)

Vocês já devem ter visto nas redes um vídeo hilariante de Robert De Niro explicando a diferença  entre o uso das palavras “boludo” e “ pelotudo” para os argentinos. Ele faz parte da nova série “O faz nada” (“Nada”) do canal Star+ na qual o grande astro norte-americano é Vicent, narrador da história do seu amigo argentino, Manuel, um crítico gastronômico sofisticado, conhecido pela acidez de seus textos. Enquanto acompanhamos as agruras de Manuel depois de ficar sem sua faz-tudo de décadas, a empregada Celsa, Vicent vai explicando algumas expressões porteñas como “ la concha de la lora” (pido disculpas a quien entienda …jajaja) e também aborda as delícias da comida local.

Manuel está falido, tentando escrever um novo livro depois de vinte anos, sem paciência com tudo e todos. Sua ex-mulher, Grace , encontra uma jovem paraguaia, Antonia, para ajudar o escritor nas coisas de casa. Ele resiste, mas acaba aceitando a moça depois de vários testes. Aos poucos, o patrão vai descobrindo a inteligência e os dons culinários de Antonia, surgindo entre eles uma bela amizade e a troca de experiências entre gerações que provocará importantes mudanças na vida de ambos.

A série tem apenas cinco episódios curtos, um texto delicioso e as atuações preciosas do veterano argentino Luis Brandoni e de um Robert De Niro natural e carismático como há muito tempo eu não via. De quebra, tem a participação do grande Guillermo Francella no papel de um comprador de carros, em uma das cenas mais divertidas da série.

Não é a primeira vez que os hermanos provam que não são bons apenas de filmes, mas também de séries. Há outros  ótimos títulos em streaming, como “Meu querido zelador”, com Guillermo Francella, “Santa Evita” e “ Vientos de água”,  para citar apenas alguns.

Em tempos de tanta tristeza na cobertura da guerra, “ O faz nada“ é um bálsamo, uma breve fuga para um lugar onde as coisas se resolvem no diálogo e no afeto. Às vezes, é necessário fazer uma pausa na realidade.

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The Burial (O próprio enterro) – direção: Margaret Betts – 2023 – Netflix

O filme se torna mais interessante por ser baseado em uma história real, mas o personagem de Jamie Foxx é tão histriônico que parece fictício. Ele é Willie Gary, um advogado negro que só defende clientes também negros, fazendo um verdadeiro teatro no julgamento. Rico e excêntrico, ele aceita o caso do cliente branco Jerry O´Keefe, vivido por Tommy Lee Jones, dono de um serviço funerário à beira da falência, enganado por um comprador milionário. Jerry só quer seus direitos, mas Gary eleva a causa para muitos milhões de dólares. Se ganhar, o comerciante está feito na vida, se perder não realizará seu sonho de deixar uma  herança para seus muitos filhos.

 

Nascido em Gaza – direção: Hernán Zin – 2014 – Netflix

Para entender um pouco a tragédia em Gaza, esse documentário acompanha o cotidiano de dez garotos palestinos durante a ofensiva israelita na Faixa de Gaza, em 2014. Como  afinal essas crianças fazem para enfrentar o terror em meio aos bombardeios e tentam normalizar suas vidas apesar de tudo ? Nesse atentado, 507 crianças palestinas foram mortas e mais de três mil ficaram feridas.

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DESTAQUE

Chegou!

Quem não viu no cinema – ou quer rever –  o média-metragem “Estranha Forma de Vida”, dirigido por Pedro Almodóvar, pode assisti-lo agora no MUBI ( canal disponível no Prime Vídeo). Protagonizado por Ethan Hawke e Pedro Pascal, o segundo filme em língua inglesa de Almodóvar  conta a história de dois pistoleiros que se reencontram após vinte e cinco anos separados. Na sinopse, Pascal é o fazendeiro Silva que atravessa o deserto a cavalo para visitar sua antiga paixão, o xerife Jake, vivido por Ethan Hawke.  Mas após uma noite de intimidade, recordações e reconciliação, a revelação de que ambos estão ligados a um crime local sugere que o reencontro não foi apenas para matar a saudade.

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DROPS

  • “Priscilla”, o novo filme de Sofia Coppola sobre Priscilla Presley ganhou trailer oficial. Baseado na autobiografia “ Elvis e eu”, o longa mostra algumas particularidades da vida do casal até o término do casamento. No Brasil, “Priscilla” deve estrear em dezembro.

 

  • “A batalha da rua Maria Antonia”, de Vera Egito, foi o ganhador de Melhor Filme de ficção na mostra Première Brasil, a principal do Festival de Cinema do Rio que terminou domingo (15). Mas, o filme mais premiado da mostra foi “ Pedágio”, de Carolina Markowicz , levando Melhor Atriz para Maeve Jinkings, Melhor Ator para Kauã Alvarenga, Melhor Atriz Coadjuvante para Aline Marta Maia e Melhor Direção de Arte para Vicente Saldanha. O Festival do Rio completou 25 anos nessa edição.

 

  • E o grande Michael Caine acaba de anunciar sua aposentadoria da indústria cinematográfica, aos 90 anos. Em entrevista à BBC, o ator britânico explicou sua decisão. “Eu continuo falando que vou me aposentar. Bem, agora vou mesmo. Eu penso que tive a chance de fazer um protagonista em um filme que recebeu críticas incríveis [The Great Escaper]. O que eu vou fazer para superar isso? Os únicos papéis que estou sujeito a receber agora são de homens de 90 anos. Ou talvez 85. Eles não vão ser protagonistas. Você não tem homens protagonistas aos 90 anos, você vai ter meninos e meninas bonitos. Então penso, posso muito bem sair em alta”. Caine nunca foi muito rigoroso na escolha dos papéis, mas destaco dois que gosto muito: “O homem que queria ser rei” (1975), de John Huston, ao lado de Sean Connery e “ O americano tranquilo”( 2002), baseado no romance de Graham Greene, ao lado de Brendan Fraser. Vamos sentir falta de Sir Michael Caine.

 

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*Fotos: Divulgação/Reprodução

THE END

 

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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