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Esperando os bárbaros e as novas produções

Esperando os bárbaros e as novas produções
Elenco de Esperando os bárbaros/divulgação

Assino vários serviços de streaming e a constatação óbvia é que a quantidade supera a qualidade das produções disponíveis. É preciso garimpar muito para encontrar alguns lançamentos diferentes. Outra alternativa é buscar séries e filmes mais antigos. Sorte de quem ainda não os viu ou gosta de rever! Separei alguns, mas fiquem à vontade para sugerir e trocar figurinhas com os leitores de Cine&Séries. Boa leitura!

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FILMES

Esperando os bárbaros- direção: Ciro Guerra -2019- Telecine

Ando muito sensível a histórias de opressão e maldade com pessoas indefesas. Então vi o filme em duas etapas. Baseado no livro homônimo de J.M. Coetzee, os personagens não são reais, mas a trama mostra a face brutal e verdadeira do colonialismo no século XIX. Em um império sem nome, um magistrado aguarda a aposentadoria do comando de um lugar isolado. A paz da comunidade é quebrada com a chegada do sanguinário coronel Joll e sua paranoia de que os “bárbaros” vão atacar o império. Não espere, porém, um filme de ação. O colombiano Ciro Guerra escolheu um ritmo mais lento para dirigir o filme que retrata ações e sentimentos dos quais os “civilizados” deveriam se envergonhar (Trailers Flix).

O britânico Mark Rylance, como o magistrado, contracena com astros famosos:  Johnny Depp, como o comandante cruel e Robert Pattinson. O filme foi selecionado para o Festival de Cinema de Veneza.

 


O despertar de uma paixão – direção: John Curran – 2006 -Netflix

O título em português não colabora, pois se parece com centenas de outros. No original chama-se The pantaid veil (O véu pintado) e baseia sua história no romance homônimo de W.Somerset Maugham, já filmado outras vezes. É bom ver que o chamado gênero romântico pode ser denso e profundo. Edward Norton interpreta um médico infectologista que arrasta a mulher infiel para o interior da China, em 1920, onde ele irá combater uma epidemia de cólera. A dedicação do marido aos doentes e o impacto de uma cultura diferente a levarão a muitas descobertas. Embora Nicole Kidman tenha sido pensada para o papel da esposa, a atriz Naomi Watts foi escolhida pelo próprio Norton.

A Festa – direção: Sally Potter – 2018 – Cine&Arts-Now

Bela surpresa encontrar o filme de uma diretora de quem gosto muito, a britânica Sally Potter. Ela produz pouco e não faz o tipo de cinema que agrada o grande público, mas destaco “Uma lição de tango” e “Orlando-a mulher imortal”. O roteiro de “A Festa” é da própria Sally e se passa toda no mesmo ambiente, uma casa onde um grupo de amigos vai comemorar a promoção da anfitriã à ministra de governo. A política, vivida por Kristin Scott Thomas, já indica na primeira cena que a festa não será tão alegre assim.

Um filme tão conversado depende mais que outros dos atores em cena. E eles são todos ótimos:  Bruno Ganz, num de seus últimos papéis, interpreta o convidado esotérico, cheio de mensagens de auto-ajuda; Patricia Clarkson, a mulher dele em vias de separação que o manda calar-se o tempo todo; Cillian Murphy, sempre lindo e competente (saudades de Peaky Blinders, cuja nova temporada não chega nunca) interpretando o executivo rico e cocainômano, além de outros nomes de respeito. Os diálogos ácidos antecipam um final cheio de ironia.

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SÉRIES

O hóspede americano – direção: Bruno Barreto – 4 episódios -2020-HBO

A minissérie assinada pelo brasileiro Bruno Barreto se passa no início do século XX e relata a viagem do presidente  americano Theodore Roosevelt ao Brasil e sua aventura  para documentar  o pouco conhecido Rio da Dúvida.  Ele foi guiado nesse roteiro de perigos e percalços por ninguém menos que o engenheiro militar e sertanista brasileiro Marechal Rondon. A exploração que era para levar seis meses acabou durando quatro anos. Falado em inglês, o elenco tem Aidan Quinn como o líder americano e Chico Diaz como Rondon. A pretensão de Barreto é vender a produção para vários países.

O mistério das mortes de Burari- documentário- 2021- Netflix

Fiquei impactada com este documentário sobre a morte de onze pessoas da mesma família na capital da Índia. A história foge do tema desgastado de serial killers -e coisas do gênero – e começa lançando a dúvida: suicídio ou assassinato? A minissérie joga luz sobre fanatismo, patriarcado, mídia e outras coisas que não vou detalhar para não dar spoiler.

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VEM AÍ

Há uma luz no fim do túnel da fraca programação atual dos streamings. Estou contando os dias para a chegada de alguns títulos novos!

             Extrapolations é a série da Apple+ que reunirá a diva Meryl Streep e o astro de The Games of Thrones, Kit Harington, no elenco. Segundo a mídia especializada, a história mostra como diferentes mudanças climáticas no planeta afetarão o amor, fé, trabalho e família em uma escala pessoal e também humana. A ideia é contar a história ao longo de uma temporada de oito episódios interconectados, com cada episódio seguindo a batalha mundial para a sobrevivência no século 21.

             Manhãs de setembro, a série brasileira que traz a cantora Liniker como protagonista, teve a segunda temporada renovada pela Prime. Liniker é Cassandra, uma mulher trans, que batalha como motogirl de dia e canta em bares à noite. Ela vê sua vida mudar com a chegada de um filho de um antigo caso amoroso. No início, ela rejeita o menino, mas Gersinho não desiste e mostra que veio para ficar. Vamos ver como Cassandra vai se virar para sobreviver e inserir o garoto na sua vida já difícil.

             A very british scandal é a minissérie da BBC com a Amazon que traz Paul Bettany e Claire Foy nos papéis dos Duque e a Duquesa de Argyll, cuja separação nos anos 60, no Reino Unido, tornou-se um dos casos mais conhecidos do século 20 em termos legais e de cobertura midi´tica. A duquesa Margaret enfrentou preconceito e achincalhes nos tablóides ingleses. A misoginia escancarada é apenas um exemplo de como as mulheres eram tratadas quando ousavam se divorciar mesmo diante de violência doméstica e um marido pra lá de picareta. A sociedade da época se deleitava com o escândalo e apressaram-se a abandonar a antes festejada duquesa. Claire Floy que interpretou lindamente a Rainha Elizabeth quando jovem na série The Crown parece super adequada para o papel de Margareth.

             A Filha perdida, com Olivia Colman e dirigida pela excelente atriz Maggie Gyllenhaal, é um dos filmes que mais está atiçando minha curiosa. O suspense psicológico é baseado num romance de Elena Ferrante e mostra Olivia como uma mulher obcecada por uma mãe e filha que ela encontra na praia durante as férias. Ela carrega um drama no passado envolvendo a maternidade. O elenco tem outros nomes importantes como Ed Harris, Dakota Johnson e Peter Saarsgaard, marido da diretora. Nas primeiras exibições o filme dividiu a crítica, mas Maggie recebeu o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cinema de Veneza. Em dezembro vamos poder saber quem tem razão, pois “A FilhaPerdida” estará na Netflix. Oba!

             Por falar em Elena Ferrante, a identidade da autora italiana continua desconhecida. O leitor não sabe quem se esconde atrás do pseudônimo da escritora de best sellers, como “A amiga brilhante” que virou série na HBO. Há pouco tempo, a autoria dos romances policiais de uma figura análoga à Elena, a suposta espanhola Carmen Mola, foi revelada como sendo de três homens. Eles se expuseram para poder receber a grana do prêmio Planeta. Quanto à Elena, o mistério continua…

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THE END

*Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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