Portal Making Of

Esses homens horríveis e suas mulheres vingativas

Jenna Colemann e Oliver Jackson Cohen em "Turismo Selvagem" (Foto: Divulgação)

Os temas no cinema vêm em ondas. Uma hora é a troca de identidade  [ De repente 30, Eu queria a sua vida, Se eu fosse você…] , noutra é o amor entre o humano e seus pets [ Marley e eu, Meu amigo Enzo, Sempre a seu lado…] e por aí vai. Agora, parece que a bola da vez é a vingança feminina diante de abusos, relações tóxicas e afins. E lembrem-se da frase de William Congreve: Não há no céu fúria comparável ao amor transformado em ódio, nem há no inferno ferocidade como a de uma mulher desprezada. Ai,ai,ai…

Certo, o assunto não chega a ser exatamente novo [ Jennifer Lopez já tinha matado o ex-marido malvado a socos em “Nunca Mais”, de 2002], mas os métodos de vingança foram atualizados. Além disso, vem com lição de moral explícita sobre empoderamento feminino.

Essa introdução pode parecer meio ranzinza, mas há produções chegando às plataformas que até são interessantes de se ver. Separei algumas para vocês.

________________________________________________________________________

Turismo selvagem (Wilderness) –  06 episódios – 2023 –  Prime Vídeo

Custei um pouco a ver essa série porque o título e o cartaz não ajudam muito, mas ela acaba sendo melhor do que parece. Baseada no romance homônimo de B.E. Jones, a produção britânica segue Liv, uma jovem que acompanha o marido Will em sua jornada profissional, deixando a própria carreira de lado. O casamento parece perfeito até Liv descobrir que o marido tem um caso extraconjugal. Quanto mais ele tenta se explicar, mais se complica. Ele propõe uma viagem de reconciliação para o interior selvagem  dos EUA, mas o desejo de vingança só aumenta quando o casal encontra uma colega de trabalho de Will. Jenna Coleman e Oliver Jackson-Cohen são os protagonistas. Veja o trailer:

_________________________________________________________________

Jogo justo (Fair Play) – direção: Chloe Domont – 2023 – Netflix

Emily Meyers  e Luke Edmunds  formam um casal jovem e muito  apaixonado que está prestes a se casar. Como os dois trabalham na mesma empresa, uma financeira de fundos de investimento, eles precisam esconder o relacionamento. Emily é praticamente a única mulher da equipe no ambiente ultra competitivo de Wall Street, mas eles esperam que Luke vá ocupar um cargo mais elevado e isso possa dar o aval para o casamento junto à direção. Uma surpresa na hora da promoção, porém, muda as coisas entre o casal. Paro aqui, para não dar spoiler. Phoebe Dynevor ( conhecida pela série Bridgerton) e Alden Ehrenreich ( que fez Han Solo) são os protagonistas.

________________________________________________________________________

Bela vingança ( Promising Young Woman) – direção: Emerald Fennel – 2020 – Netflix

Esse concorrente a cinco Oscar, em 2021, acaba de chegar à Netflix.  Cassie é a atendente de um café, mesmo tendo sido uma promissora estudante de medicina até uma tragédia atingir sua vida. Agora, ela leva uma vida dupla e se usa de isca em bares e boates, fingindo estar bêbada, para dar lições em homens que tentam abusar dela. Depois de um encontro inesperado, ela monta um plano pessoal de vingança e a  história tem um final surpreendente. Carey Mulligan recebeu sua segunda indicação ao Oscar pelo papel de Cassie, mas o filme acabou levando apenas a estatueta pelo Melhor Roteiro.

________________________________________________________________________

OUTRAS NOVIDADES

Ângela – direção: Hugo Prata – 2023 – Prime Vídeo

Em 1976, um crime parou o Brasil: a socialite Angela Diniz, conhecida como a Pantera de Minas, foi morta a tiros pelo companheiro, Raul Doca Street. No filme, ela acaba de sair de um divórcio no qual teve que abrir mão dos filhos e quando conhece Raul ela acredita ter encontrado alguém que ama seu espírito livre tanto quanto ela. A atração avassaladora faz o casal largar tudo e viver o sonho de reconstruir suas vidas na praia, mas a relação repleta de ciúmes descamba para o abuso e violência, terminando em um dos crimes mais marcantes do Brasil. O julgamento trouxe à tona um antigo absurdo da lei brasileira em casos como esses: a justificativa da “legítima defesa da honra” do marido ao assassinar sua mulher. Nos papéis principais estão dois atores conhecidos das novelas de TV : Isis Valverde e Gabriel Braga Nunes.  ( Na foto, a Angela real e sua intérprete)

Obs: Se você se interessa sobre o caso: o podcast “Praia dos Ossos”, da Rádio Novelo, é muito bem feito e aprofunda a questão de maneira que o filme não consegue.

 

A música brasileira em cartaz

Dois filmes recém lançados focam em três nomes fundamentais da MPB.

Elis & Tom – Só tinha que ser com você – direção: Roberto de Oliveira – 2023

O documentário resgata os bastidores da gravação  de um dos mais importantes álbuns da música brasileira, Elis&Tom, em Los Angeles. O ano era 1974 e Elis, então com 29 anos, encontrava-se diante do ídolo, Tom Jobim. Roberto Oliveira foi gravando tudo, quase sem ser visto, e só agora – 50 anos depois – decidiu transformar essas imagens num belíssimo documentário. Na reunião dos dois monstros sagrados, nem tudo foram flores. Tom não aceitava o protagonismo do então marido de Elis, Cesar Camargo Mariano, nos arranjos. A cantora chegou a ameaçar voltar ao Brasil sem terminar as gravações. Ao fim desses dias conturbados, porém, nascia uma obra-prima.

Elis & Tom  foi exibido com sucesso no Festival de Cannes e recebeu o prêmio de Melhor Filme Brasileiro na 46ª Mostra de São Paulo.

 

Meu nome é Gal – direção: Dandara Ferreira e Lô Politi – 2023

A cinebiografia de uma das mais importantes intérpretes da história da MPB começou a ser feita quando Gal Costa ainda estava viva. O filme é um recorte do período da consolidação da carreira de Gal, entre 1966 e 1971,   iniciando o sucesso que a acompanhou até o fim da vida, em 2022. Estão presentes na trama outras figuras fundamentais na trajetória da cantora, Caetano Veloso e Gilberto Gil. A atriz Sophie Charlotte, que topou o desafio de interpretar alguém tão familiar ao público, vem recebendo elogios da crítica.

 

CURTAS

  • Para entender um pouco o funcionamento da Faixa de Gaza, recomendo as quatro temporadas da série “Fauda” (Netflix). Apesar de ser uma produção israelense, onde os heróis são os soldados de uma força tarefa em busca de um terrorista do Hamas, percebe-se também a dureza do cotidiano dos palestinos que vivem amontoados na região. A propósito: o ator Lior Raz (na foto), responsável pela série, é ex-militar e juntou-se às Forças de Defesa de Israel para lutar – na vida real – contra o Hamas no sul do país. No passado, Raz atuou como agente infiltrado na Cisjordânia palestina, experiência que o ajudou a entender melhor os dois lados do conflito – visão que transparece em “Fauda”.
Lior Raz

 

  • Ainda sobre a guerra, nada mais didático do que rever a cena do Monty Python em “Em busca do cálice sagrado”, quando dois cavaleiros se enfrentam e vão se mutilando no embate, até que sobram apenas os troncos de ambos atirados no chão. Não há vitorioso. Ainda assim, um diz para o outro : vem, vem que eu te mordo. É o nosso mundo hoje…

 

  • E os muitos fãs de “The Crown” estão pulando de alegria com o anúncio da Netflix sobre a data de estreia da sexta temporada das aventuras da realeza britânica. Ela será dividida em duas parte: 16 de novembro e 14 de dezembro. Uma das novidades do teaser de lançamento são as primeiras fotos de William e Kate, interpretados por Ed McVey e Meg Ballamy. Dessa vez, os produtores garantem que é mesmo a temporada derradeira dessa que tornou-se uma das séries mais bem sucedidas de todos os tempos.

 

________________________________________________________________________

*Fotos: Divulgação/Reprodução

THE END

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais: