Cervejarias e destilarias mundo afora contam com excelentes destiladores, fenomenais master blenders, mestres cervejeiros incríveis e outros técnicos gabaritados que elaboram bebidas da mais alta qualidade. Mas nenhuma empresa tem um funcionário como a William Grant & Sons, terceira maior produtora de whisky escocês do mundo: Rocco (foto) é um Cocker Spaniel que trabalha na destilaria de Girvan, na Escócia.
O projeto começou há dois anos. Ele foi “contratado” e treinado para checar a qualidade dos barris na tanoaria, onde são produzidos os barris usados para maturação do whisky Grant´s.
“A madeira é um material natural e a destilação do uísque é um processo orgânico, então nosso trabalho é garantir que tudo esteja perfeito enquanto o uísque envelhece nos barris de carvalho”, explica o executivo Chris Wooff.
Segundo ele, a indústria vinícola já utiliza o chamado “nariz eletrônico” para detectar problemas no processo de produção. Mas a ideia de ter um cão treinado seria pioneira. O olfato de Rocco é 40 vezes mais apurado do que o de um ser humano e capaz de identificar fungos, outros micro-organismos ou contaminações que interfiram na qualidade final do whisky.
CERVEJA EM PÓ
Produzida pela alemã Klosterbrauerei Nauzelle (que fica a 100 kms de Berlin) a primeira cerveja em pó do mundo deve chegar ao mercado europeu no fim do ano. A “bier pulver” tem espuma e é carbonatada, tal qual uma cerveja tradicional.
Os testes iniciais mostram que basta colocar algumas colheres do pó em um copo, adicionar água e mexer. A receita mais avançada é a de cerveja sem álcool. Mas, aos poucos, outros estilos estão sendo testados. “As próximas devem ser uma Schwarz ou Bockbier. Queremos fazer praticamente tudo em forma de pó”, diz Stefan Fritsche, diretor-geral da Klosterbrauerei Neuzelle.
O produto é um dos ícones do movimento waterless que defende a adição de água somente no momento do consumo. A ideia é bem vista por ambientalistas pois acaba com garrafas e engradados, ocupa menos espaço para acondicionamento e transporte e, em longas distâncias, isso significa também menos emissão de gás carbônico.
CERVEJA ESTRANHA
Já os norte-americanos – acredite se quiser – criaram uma cerveja feita com água utilizada em chuveiros residenciais, pias e máquinas de lavar. A Epic OneWater Brew, dizem os cervejeiros, é segura para beber graças a uma série de tratamentos que incluem microfiltração e luz ultravioleta.
O produto não está à venda, pois regulamentos americanos por enquanto proíbem uso de águas residuais recicladas em bebidas comerciais. Mas o investimento chamou atenção para a questão da escassez e a necessidade de reutilização da água. A bebida é do estilo Kölsch – cerveja leve originária da Alemanha – e foi feita com água reciclada do Fifteen Fifty, um prédio de apartamentos de luxo de 40 andares em São Francisco.
“Os edifícios em todo o mundo usam 14% de toda a água potável”, diz Aaron Tartakovsky, CEO e cofundador da Epic Cleantec, a empresa de tratamento de água que produziu a cerveja em colaboração com uma cervejaria local. “Quase nenhum prédio reutiliza essa água – é isso que estamos tentando mudar”.
CERVEJA HISTÓRICA
Já os equatorianos conseguiram “ressuscitar” uma levedura de 400 anos, possibilitando a reprodução da que é considerada a cerveja mais antiga da América Latina. O bioengenheiro Javier Carvajal descobriu o espécime de levedura em um antigo barril de carvalho, que foi a chave para recuperar a fórmula de uma bebida produzida no século XV por um frade franciscano vindo da Europa.
Ele soube da antiga cervejaria franciscana (a primeira cervejaria da América hispânica, inaugurada em 1566) através de revistas especializadas em cerveja e levou um ano até encontrar um barril da antiga cervejaria, armazenado no Convento de San Francisco em Quito, agora um museu.
Após extrair um fragmento de madeira, ele usou um microscópio para identificar um minúsculo espécime de levedura, que conseguiu “ressuscitar” após um longo período de cultivo.
Carvajal (foto) estudou antigas técnicas de produção e começou fazer os primeiros lotes em casa, ainda em 2018. O projeto foi retomado recentemente, mas ainda não foi definida uma data de lançamento ou um preço para o produto.
NOVIDADES
Por aqui, uma das mais reconhecidas vinícolas catarinenses está lançando um novo produto. O Chardonnay 2022 da Villa Francioni (foto), é um lote especial – com apenas 5 mil garrafas – que passou 12 meses em barricas de carvalho.
O processo de barricamento prolongado em vinhos brancos é pouco comum. Mas, quando realizado, costuma garantir mais estrutura, textura e complexidade, agregando notas de baunilha e amanteigados.
O material de divulgação da vinícola de São Joaquim descreve o Chardonnay como “elegante”, com “notas frutadas, abacaxi, maçã e um fundo de taça lembrando a mel, combinados a notas de tostado delicado e leve especiarias”.
