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O SILÊNCIO DOS INOCENTES

O SILÊNCIO DOS INOCENTES
Foto: Joel Overbeck (Unsplash)

Dando um tempo no formato temático da coluna Cine & Séries, mas garantindo uma leiturinha semanal para os queridos leitores com as “Crônicas em Quarentena”. Toda sexta-feira uma história do cotidiano em tempos de isolamento social, mas sem esquecer o Cinema, claro!

Boa leitura, bom filme e não esqueça: só saia de casa se for absolutamente necessário!

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Crônicas em Quarentena 1

O SILÊNCIO DOS INOCENTES

A cada dia de quarentena percebo que alguma coisa desapareceu do cotidiano. Uma que me faz falta é a algaravia das crianças na quadra de esportes do condomínio onde moro. Elas se juntavam ali para jogar bola, amarelinha, o que fosse. Assim passavam os dias, cada qual no seu turno oposto ao da escola.

Estava acostumada a escrever e a fazer as tarefas de casa com aquele som ambiente de gritos, risadas, assovios, palavrões e o choro de algum menorzinho que o irmão mais velho era obrigado a carregar junto. Muitas vezes na indefectível assembléia de condomínio tive que interferir quando moradores reclamavam do barulho que os impedia de fazer a siesta, por exemplo.

Mesmo não tendo crianças em casa, eu argumentava que aquela alegre balbúrdia era sinal de vida, de futuro, de algo crescendo à nossa vista. Os vizinhos me olhavam como se eu fosse uma lunática, resmungavam e desistiam de colocar horários restritos para as brincadeiras dos pequenos.

Agora há silêncio na quadra, no pátio, na escadaria dos prédios. As crianças estão trancafiadas em casa, entediadas e reclamando de não brincar com os coleguinhas na escola ou com os amiguinhos do condomínio. A Covid-19 transformou os adoráveis anjos em transmissores de um vírus que pode infectar seus avós de forma letal. Imagino a dificuldade de explicar para eles que não podem abraçar a vovó, o nono, a bába

Estava quase terminando esta crônica quando escuto uma mãe falando debaixo da minha janela: ” Miguel, já te disse para não encostar na porta do carro, quando digo para não encostar em nada é em nada mesmo!”. Miguel, de uns quatro aninhos, choraminga com a bronca da mãe. Não deve estar entendendo nada. Como explicar a pandemia para os pequenos? Inventando um “bicho papão” ou uma fábula como o pai judeu no campo de concentração em “A Vida é Bela”, o filme de Roberto Begnini que levou o Oscar em 1999?

Logo, o carro dá partida e volto à escrita. Penso nos vizinhos que agora podem dormir sem o incômodo da gritaria infantil, mas duvido que estejam conseguindo. Enquanto encerro este texto só ouço o barulho do ventilador. O resto é silêncio. (Brígida De Poli)

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Filmes franceses

Uma super notícia para os fãs do Festival de Cinema Varilux que todo ano acompanham a mostra no cinema e para os cinéfilos em geral. Como as salas de exibição estão fechadas, o canal Looke está disponibilizando 50 filmes franceses.

https://www.looke.com.br/movies/festival-varilux-em-casa

 

Filmes da Mostra Internacional de SP

Estão disponíveis também os ótimos títulos da Mostra de Cinema Internacional de São Paulo.

https://www.looke.com.br/movies/dist/spcine/mostra-internacional-de-cinema

 

Filmes brasileiros

Aqui você também encontra filmes gratuitos disponibilizados pela Prefeitura de São Paulo.

https://www.spcineplay.com.br/

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Adeus, Homeland

Depois de oito anos, me despedi de Carrie Mathison, a heroína de Homeland. Quando Damian Lewis que interpretava o protagonista saiu da série muita gente duvidou que ela pudesse continuar tão boa. Mas os roteiristas e a interpretação de Claire Danes como Carrie, a conturbada agente da CIA, manteve a agilidade e o interesse na história. O final que vi esta semana foi brilhante, coisa rara em séries da qual se tem muita expectativa. Vai deixar saudades! Se você ainda não viu Homeland, as oito temporadas estão disponíveis na Fox Premium/Now/Net.


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E o BBB, hein?

Por falar em término, segunda-feira houve a final do reality show mais assistido no país: o BBB-Big Brother Brasil. Todo ano é a mesma coisa: pessoas que não assistem falam do programa com enorme desprezo, a turma mais intelectual ofende o público ” gente com neurônios não vê isso “, “o que o brasileiro e o país ganham com isso?” etc… Particularmente acho que se joga sobre os ombros do programa uma responsabilidade que ele não tem. É só um jogo, um reality de entretenimento, como uma novela não ficcional. Mas a 20ª edição do BBB trouxe para a rua o debate sobre gênero e racismo, o que não é pouco. Fica uma marca histórica em audiência, votação, elenco, tema e a renovação de um formato que já parecia exaurido. Boninho deve estar rindo sozinho.

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Até a próxima !

 

(*) Fotos reprodução/divulgação

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