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Um show de realidade

Um show de realidade
BBB 2021 – foto TV Globo/reprodução

Nesta edição vamos trocar as séries pelos realities shows, gênero que cada vez mais ocupa espaço, tanto na TV por assinatura, como na aberta. Houve uma explosão de realities no último ano e, infelizmente, quantidade não é qualidade. Além disso, nem todos são tão reais assim. Mas, listo alguns que se destacaram em 2021. Conta aqui se você viu algum e dos quais gostou mais.

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Gastronomia

Certamente este tem sido o tema mais explorado em realities. No Brasil, o mais famoso deles , Masterchef (foto: Band), mostrou estar com a fórmula desgastada. Por questões mercadológicas, o canal insiste em várias edições por ano (Profissional, Amadores, Kids…) e já saturou um pouco. A saída de Paola Carossela do júri também mexeu com os fãs do programas, embora Helena Rizzo esteja se saindo muito bem, fazendo um papel mais gentil e empático com os concorrentes acostumados a serem tratados aos gritos.

A Record veio com a segunda edição de Top Chef, outra fórmula importada. Tendo Felipe Bronze à frente, se deu melhor este ano que na primeira temporada. A Globo também teve seu representante culinário na TV aberta: Mestre do Sabor, com o carismático e onipresente, Claude Toigros.

A novidade foi Rolling Kitchen Brasil, no canal GNT (formato importado também), reunindo a cada episódio dois casais famosos que cozinham mal. A cozinha gira, daí o nome, e eles continuam o prato do outro. Apesar da apresentação ser do divertidíssimo Paulo Vieira, o programa não repercutiu muito.

Uma pergunta: não há profissionais com talento suficiente no Brasil para criarem conteúdos próprios? Desde o Big Brother, da holandesa Endemol, a TV brasileira – que vendia novelas para o mundo inteiro – virou compradora de formatos.

 

Moda

Se a gastronomia ganhou espaço, a moda perdeu. Havia vários programas de competição entre estilistas que desapareceram da TV fechada, muitos de produção brasileira.

O mais importante este ano foi a volta da dupla de apresentadores do antigo Project Runway, a modelo Heidi Klum e Tim Gunn, num formato parecido, chamado Making the cut (Prime). Depois que o antigo produtor, Harvey  Weinstein caiu em desgraça por acusações de assédio e estupro, Heide e Tim, decidiram cair fora. O novo reality deles reúne vários estilistas que se enfrentam a cada desafio, ou seja, segue a fórmula original.

A Netflix também investiu num reality similar, o Next in Fashion. Achei melhor que os pioneiros, mas infelizmente, só durou uma temporada.

 

Relacionamentos

O ano foi pródigo em realities de gosto duvidoso neste tema. A Prime trouxe Game dos Clones, apresentado pela Sabrina Sato, onde candidato(a)s a namorado(a)s deveriam muito parecidos entre si. Mesmo altura, cabelo, cor de olhos etc…vestindo a mesma roupa (figurino horroroso, diga-se de passagem). Não conseguiram montar grupos tão clones assim! A ideia era mostrar que o importante é o conteúdo e não a aparência. Não funcionou.

A Netflix deu mais sorte com o Casamento às cegas (outro formato importado), onde um grupo de homens e mulheres se escolhem sem se ver, apenas conversando atrás de um biombo. Depois de decidirem quem querem conhecer, convivem alguns dias e, finalmente, aceitam ou não casar-se. Tudo isso em poucos dias. Casamento às cegas (na foto os apresentadores, Kleber Toledo e Camila Queiróz , casados na vida real) repercutiu bastante pelas polêmicas que rolaram durante os episódios, como um concorrente machista, de quem o público não gostou,  ser atacado pelo cachorro da amada. A segunda temporada já está garantida. Pois é…

 

Confinamento

Quem diria, o BBB-Big Brother Brasil (Globo) se tornou o reality de convivência mais sério e didático da TV brasileira, no sentido de discutir temas como racismo e identidade de gênero. A audiência este ano foi enorme e o programa vai ter novo apresentador em 2022. Sai Tiago Leifert e entra Tadeu Schmitt.

A Record investiu pesado no formato: Power Couple, A Fazenda e A Ilha Record. Todos tiveram o mesmo clima: um monte de gente, brigando e se xingando o tempo todo.

Gostando ou não do gênero, ao que tudo indica, os realities ainda vão durar muitos anos.

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DICAS DE FILMES

Dois – direção: Mar Tagarona – 2021 – Netflix

Quando li a sinopse não tive vontade de assistir. A história parecia bizarra demais: dois estranhos acordam num quarto de hotel, costurados pelo abdome. Acabei sucumbindo. Se fosse um livro eu diria que renderia mais um conto do que um romance inteiro, mas mesmo assim a gente fica preso pela curiosidade de saber quem e por que alguém fez aquilo com um homem e uma mulher que nunca se viram antes. O desenvolvimento da trama é muito raso, sem nuances, mas vale como bom entretenimento.

 

Sanremo – direção: Miroslav Sandic – 2021- Cine Belas Artes

Sinopse: Bruno, mora em um lar para idosos e está apaixonado por Dusa, também interna da casa. Mas a história de amor deles é constantemente fragmentada, pois ambos têm falhas de memória. Assim, eles sempre podem se encontrar como se fosse a primeira vez. Sanremo foi o representante esloveno para a categoria de Melhor Filme Internacional no 94º Oscar.

 

Tese sobre um homicídio – direção: Hernán Golfrid – 2013 – Prime

Para quem ainda não viu e é fã de Ricardo Darín, a chegada de Tese sobre um homicídio é uma bela pedida. Ele interpreta um professor de Direito Criminal, atormentado pela crença de que um dos melhores alunos do curso cometeu um assassinato. Ele fará de tudo para desvendar o crime brutal, iniciando um duelo intelectual. A trama lembra um pouco Festim Diabólico, de Alfred Hitchcock, o que é uma boa referência.

 

Cry Macho – direção: Clint Eastwood – 2021 – Telecine

Gostaria de dizer que esse filme – que pode ser o canto do cisne de Clint Eastwood, afinal ele já chegou aos 91 anos – é muito bom, mas não achei. O interessante reside no tom quase revisionista de quem foi Clint nos primeiros anos de sua carreira, mas o restante é clichê e moral edificante. Ele interpreta Mike Milo, um ex-caubói de rodeio, que é forçado a ir buscar o filho adolescente de seu antigo patrão no México. A mãe do garoto manda os capangas atrás da dupla, socorridos em alguns momentos pelo galo de rinha do garoto, apelidado de Macho. Nesse road movie não faltam os encontros com pessoas dispostas a ajudar, a complicar, nem a simpática abuela por quem o coração do nonagenário bate mais forte. Enfim, posso estar sendo ranzinza e vocês vão gostar do filme, com o qual a crítica pegou leve.

Seja como for, Clint Eastwood tem uma das carreiras mais interessantes da história do cinema. Depois de atuar em inúmeros filmes de ação, ele se descobriu um diretor sensível em Bird (1988), a triste história do músico Charlie Parker. A partir daí, nunca mais olhei para Clint com os mesmos olhos.

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Extra

Vamos ou não poder acompanhar a 79ª edição do Globo de Ouro?

A divulgação dos indicados ao Globo de Ouro, a premiação da Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, chegou depois de sérias acusações ao prêmio. Uma reportagem do Los Angeles Times acusa a Associação de racismo ( não havia um único jornalista negro entre os votantes) e até de aceitar suborno para garantir indicações no passado. No meio dessa lambança, a NBC cancelou a transmissão e não se sabe ainda se outro canal vai mostrar a cerimônia.   

Seja como for, os melhores da TV e do cinema em 2021, serão anunciados no dia 09 de janeiro.  

Não sou de fazer previsões, mas “chuto” alguns trabalhos que certamente  serão premiados.  Aqui vai minha torcida.

– Melhor série em drama: Succession. A 3ª temporada veio com tudo. Não a imagino perdendo para Lupin ou Round 6, duas das concorrentes.

– Melhor ator em série de drama: Brian Cox, como o patriarca Roy, em Succession. Ele concorre com Jeremy Strong, que interpreta seu filho, Kendall. Mas, acho que faltou outro ator que deu um banho nesta nova temporada, Kieran Culkin ( sim, irmão de Macauley), como o caçula da família Roy.

Melhor filme em drama: O ataque dos cães, embora não tenha visto Belfast, seu maior concorrente.

– Melhor ator em série de drama: Brian Cox, como o patriarca Roy, em Succession. Ele concorre com Jeremy Strong, que interpreta seu filho, Kendall. Mas, acho que Kieran Culkin ( sim, irmão de Macauley), como o caçula da família Roy, deu um banho nesta temporada. Ele concorre em numa categoria “menor”:  Melhor Ator Coadjuvante em TV.

– Melhor série em comédia: The Great, versão livre de Catarina, a grande, produção que merecia mais projeção do que vem alcançando. Não sei se chegou a hora dela.

– Melhor atriz em série de drama: Uzo Aduba, por Em Terapia, mas é mais um desejo que uma previsão.  

– Melhor filme em língua estrangeira: quem acompanha a coluna sabe que eu só poderia escolher Madres Paralelas, de Pedro Almodóvar!

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THE END

*Fotos: reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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