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VINHO, NEGÓCIOS Y OTRAS COSITAS MÁS

WSA/Divulgação

Bento Gonçalves recebeu no mês passado o maior evento vinícola da América Latina. A Wine South America é uma feira de vinhos realizada anualmente e que, nesta edição, recebeu mais de 300 expositores de 12 países. A coluna convidou a sommelier e wine influencer Heloise Violène Guil Chociai, a @ladyinredwines, para nos contar um pouco do que rolou por lá:

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“A cidade fica lotada com profissionais do vinho, importadores, distribuidores, atacadistas e varejistas, que visitam o evento em busca de novidades. Afinal, a Wine South America é uma excelente oportunidade para conhecer lançamentos e degustar vários rótulos.

Heloise Chociai/Acervo Pessoal

Como tendências de mercado, o que mais me chamou atenção é a mudança de embalagens do vinho. Com a falta de vidro no cenário mundial, as tradicionais garrafas tornaram-se caras para os produtores, que agora apostam nas latinhas como uma saída para contornar a crise de falta do material. Vários stands apresentaram latinhas lindas. Amando ou odiando, parece que o vinho em lata veio para ficar já que facilita a armazenagem, transporte e, no fim das contas, democratiza o consumo.

Me impressionou também o cuidado com rótulos, embalagens e marketing de vinhos espumantes. Ficou evidente que os produtores estão investindo pesado neste aspecto. Acho que perceberam que é um elemento importante para ajudar a valorizar o vinho nacional.

Outro detalhe: novas regiões produtoras estão aparecendo a todo momento. São vinhos de regiões como Bahia e Minas Gerais, que ficam totalmente fora das áreas tradicionais de produção de vinho nacionais. E que tiveram que adaptar o cultivo da uva para aqueles climas. Isso é positivo, porque são terroirs diferentes e mais competição no mercado.

Heloise Chociai/Acervo Pessoal

Além da feira a Wine South America tem eventos paralelos como degustações nas vinícolas locais. Há também festas privadas de importadores e produtores, com degustações de vinhos e outros produtos. Achei fantástica a degustação de rótulos italianos com o Gabriele Gorelli, o primeiro Master Wine da Itália (foto). É o maior título de sommelier de vinhos mundial. A seleção de Barolos que ele fez foi fantástica.

Heloise Chociai/Acervo Pessoal

Outro evento que, na minha opinião, entrou para a história do vinho nacional foi uma festa organizada pela Casa Valduga. A intenção era marcar a transição na gestão da empresa – do seu João para os dois filhos – além de lançar de alguns espumantes (foto). Mas o evento foi muito mais do que isso e impressionou pela qualidade da produção, e o fato de unir moda com vinho. Simplesmente incrível… Difícil até de descrever…

Resumindo: a Wine South America ganha cada vez mais expositores e relevância no mercado vitivinícola nacional. É um grande espaço para negócios, lançamentos, networking. E embora seja voltada para profissionais, recomendo muito para quem  quer aprender mais sobre o assunto. É possível participar comprando ingressos pelo site do evento. Coloque na agenda. A próxima edição ocorre entre setembro e outubro de 2023.”

A coluna agradece a Heloise pela gentil contribuição.

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LATINHA, LATA E LATÃO

Mosquita Muerta/Reprodução

O evento de Bento Gonçalves parece ter evidenciado um movimento que a coluna vem comentando há algum tempo. Na verdade, desde o início da pandemia. Com a redução da oferta (e aumento de preço) das garrafas, algumas vinícolas tradicionais perceberam a possibilidade de reduzir os custos, e ao mesmo tempo adequar produtos para outros públicos e ambientes. A argentina Mosquita Muerta (foto) é uma dessas empresas. Além de duas versões do espumante, passou a oferecer também o tradicional Malbec em embalagem alternativa. O Deltanque vem em latinhas de 310 ml.

Drink People/Divulgação

Por aqui há empreendedores também apostando nesse formato. A sommelier e chef de cozinha Andreia Micheluzzi, de Blumenau,  desenvolveu uma linha batizada People Wines. São quatro opções em latinhas com 269 ml: branco, rosè, tinto e um espumante demi-sec. A produção é em parceria com a vinícola gaúcha Giaretta, que já tinha experiência nesse tipo de envasamento.

O produto pode ser encontrado no e-commerce de grandes redes varejistas, e em pontos de venda de Curitiba, Blumenau, Balneário Camboriú, Jaraguá do Sul, Joinville, Florianópolis e outras cidades do Estado.

O posicionamento do produto chama muita atenção pelo colorido e um toque mega descolado. E dá um claro indicativo do público-alvo desse produto: jovens que trocam a “pompa e circunstância” do vinho em taça pela praticidade, seja na balada, praia ou em outros espaços de lazer.

Hambre/Divulgação

Além do vinho, a oferta de outras bebidas alcoólicas em latas é cada vez maior. Principalmente drinks prontos para beber (Ready To Drink, ou RTD). A paranaense Hambre, por exemplo, criou recentemente a linha “Dale”, que tem quatro produtos: Moscow Mule, Pink Vodka Lemonade, Vodka e Citrus e o Green Apple e Vodka.

A F!VE, criada por um grupo de ex-executivos da AMBEV, apostou forte no segmento e tem usado a lata para chegar a um público mais jovem. Entre as receitas há os tradicionais G&T, Negroni e até o Cosmopolitan. O produto é premium, e tem o diferencial de não utilizar qualquer aditivo ou conservante artificial.

Jefferson Douglas/Acervo Pessoal

A mineira Yvy desenvolveu três RTD à base de G&T e que tem ingredientes tradicionais como gengibre e limão siciliano, além de frutas tropicais como uvaia, pacová e cambuci. Tudo em práticas latinhas. A destilaria oferece ainda latões de 700 ml, que são utilizados como refil da vodka e os três gins da marca. A inovação permite uma redução de quase 20% no preço ao consumidor. A coluna recebeu o kit completo e gostou muuuuuito da experiência (foto).

Quem também produz gin e está apostando na comodidade do alumínio é a BEG. A destilaria de Campinas desenvolveu uma garrafinha de metal para ser utilizada como “refil”.

Coca-Cola/Divulgação

Pra finalizar, o melhor exemplo de que este é um mercado em ebulição, a gigante Coca-Cola anunciou a criação do Fresca Mixed, que mistura um dos seus refrescos mais populares com destilados alcoólicos. A produção do RTD (foto) vai ser feita em parceria com a Constellation Brands, proprietária da cerveja Corona. E, em princípio, o produto vai ficar restrito ao mercado norte-americano. A empresa fez as contas e calcula que o mercado de RTD já representa US$ 8 bilhões. E o principal: não para de crescer.

Bom fim de semana. E até a próxima!

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

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