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Ah, esse insensato mundo

Ah, esse insensato mundo

Tenho certo fascínio pelo mundo da moda. Gosto de ver realities, onde os competidores são desafiados a usar materiais chamados de não convencionais, adquiridos em lojas de ferragem ou de jardinagem, por exemplo. É bonito ver como bandejas de papelão ou copos de plástico transformam-se em peça do vestuário pelas mãos de estilistas inventivos. É um programa de televisão e está tudo certo.

Mas, como disse uma vez o Mário Quintana, “meu gosto pelo bizarro não vai a tanto”quando vejo marcas famosas, principalmente a espanhola Balenciaga, lançando uma coleção de tênis rasgado com aparência de velho e sujo. O mais espantoso é ver gente na fila de espera para comprar um par desses calçados a cinco mil reais. Ou a bolsa de dez mil reais inspirada num saco de lixo !

Pode ser que a grife só pretenda fazer marketing com a criação dita “conceitual”, mas o consumidor “descolado” levou a sério e correu para adquirir seu “Paris Sneaker. Ora – devem ter pensado os estilistas da Balenciaga – então por que não criar uma sandália sobre uma garrafa pet ? E assim fizeram. Lançaram um chinelo que nada mais é que uma garrafa de plástico amassada, com direito a tampa e tudo. Só faltava colocar um pop star calçando-o. Então, quem melhor que Justin Bieber?. Pronto,temos um novo sucesso a 895 euros o par. Registre-se que apenas cem “sortudos” tiveram direito à exclusividade de comprar o botter slippers.

Depois desse sucesso, imagino a equipe fazendo brainstorming para um novo lançamento. – Que tal criar uma camiseta que já vem com cheiro de suor nas axilas?. Diz outro: Então, quem sabe, uma sandália com aroma chulé? Poderia ser em três versões: forte, médio e moderado.

Desculpe-me o leitor pelo exagero, mas como dizia Paulo Francis, “estou tecnicamente morta” para um mundo que aposta no feio e bizarro para satisfazer um público que quer exclusividade. Para diferenciar-se dos reles mortais, os fashionistas usam um tênis rasgado e sujo que pessoas mais simples teriam vergonha de usar mesmo se pudessem pagar por eles.

A expressão “pobre, porém limpinho”, foi atualizada para “rico, porém sujinho”.

(Brígida De Poli)

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