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Demos Kratos

Demos Kratos

Este texto foi escrito e publicado na coluna “Cine & Séries” em novembro de 2018, às vésperas da eleição presidencial no Brasil. Relendo-o vejo que ainda é atual quatro anos depois. Desde a redemocratização, talvez o pleito que vai ocorrer daqui a alguns dias, seja o que mais mobilizou artistas de várias áreas e matizes ideológicas. Guardando suas diferenças, todos se uniram em torno do mesmo propósito: a manutenção da Democracia.

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Todo artista deve ir aonde o povo está?

O grande Milton Nascimento e seu parceiro, Fernando Brandt, escreveram para a canção “Nos bailes da vida”, os inesquecíveis versos “todo artista deve ir aonde o povo está”.  Diferentemente do título deste texto, sem ponto de interrogação. Nem todo mundo concorda com a afirmação, principalmente quando o apoio não é dado ao SEU candidato ou ao SEU ponto de vista.

O debate acirrou-se com a proximidade das eleições: o artista pode/deve manifestar-se politicamente? Até que ponto ele realmente influencia os fãs quando se posiciona a favor desta ou daquela proposta de governo? Vi nas últimas semanas a tentativa de certo grupo partidário, incomodado com as manifestações a favor do adversário, de fazerem uma lista dos artistas- cantores, compositores, atrizes, atores, diretores de cinema – que expuseram publicamente sua preferência. Essa ideia de revanchismo  me lembrou a “lista negra” do Macartismo, sobre a qual já escrevi em outra edição. Joseph McCarthy era um senador americano dos anos 40 que perseguiu, interrogou e incentivou delações em Hollywood, levando à prisão centenas de artistas considerados “inimigos dos EUA”.

Estive há poucos dias no espetacular Centro Cultural Kirchner de Buenos Aires, e na entrada deparei-me com a frase da britânica Vanessa Redgrave, uma das minhas atrizes favoritas : “de nada serviria ser um artista se não fosse útil para combater a violência e a opressão”. Quem sou eu para discordar dela?

Lembrei de tantos artistas que abraçaram causas humanitárias, lutaram ou ainda lutam contra a guerra, defendem o meio ambiente, a igualdade social ou o bem estar animal, mesmo pagando caro muitas vezes.

Mesmo assim, eles não têm dúvida de que “com a roupa encharcada e a alma repleta de chão/Todo artista tem de ir aonde o povo está”.

[Brígida De Poli]

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