A economia vai herdar de 2021 problemas que estreitam as expectativas para o ano novo, mas também uma avaliação dos fatos que marcaram o ano servem como referência para que alguns erros não sejam repetidos pela equipe econômica nem na gestão da pandemia.
Se o avanço da vacinação contra Covid-19 trouxe a certa impressão de normalização da atividade econômica e da circulação em lugares públicos, a escalada da inflação, do dólar e do desemprego deixou a cadeia produtiva e os consumidores em alerta. A perspectiva é que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA encerre com alta de dois dígitos no acumulado do ano. A taxa Selic teve sete altas seguidas e atingiu 9,25% em dezembro. A seca comprometeu a geração de energia e levou a bandeira vermelha às casas dos brasileiros, forçando elevados reajustes nas tarifas. O PIB entrou em recessão técnica, mas como um sopro de esperança a geração de emprego dá sinais positivos nessa reta final de 2021.
Inflação. IGP-M marca uma alta de 17,78%, enquanto o IPCA deve fechar o ano acima dos 10%. O IPCA, Índice de Preços ao Consumidor Amplo, é o medidor inflacionário mais conhecido pelos brasileiros. Geralmente quando se refere a inflação, é dele que se fala. Já o IGP-M, Índice Geral de Preços no Mercado, é medido mensalmente pelo Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), da Fundação Getúlio Vargas. Por sua vez, sua medição é uma soma de três eixos: preços no atacado para produtores (compõem 60% do índice), preço no varejo para consumidores (30% do índice), e preço no varejo para construção civil (10%). O IGP-M sofreu uma grande disparada no início do ano por medir preços aos produtores no atacado, que tem forte relação com o dólar. Para 2022, as instituições financeiras mantiveram em 5,02% a previsão para a inflação medida pelo IPCA. A meta para a inflação no período é de 3,50%. A previsão de inflação nos preços administrados em 2022 aumentou de 4,29% para 4,36%, enquanto a projeção para a inflação medida pelo IGP-M subiu de 5,40% para 5,41%.
PIB. Segundo o boletim Focus, divulgado pelo BC (Banco Central), o mercado financeiro projeta avanço de 4,78% no PIB de 2021. A estimativa vem sendo revisada para baixo nas últimas semanas. O próximo ano deve ser marcado ainda por dificuldades para a economia brasileira. Em um cenário de renda mais baixa, a expectativa do mercado é de um crescimento perto de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano que vem, de acordo com o último Boletim Focus divulgado pelo Banco Central.
Dólar. A moeda americana passou por correção forte na sessão final de 2021 e terminou o período abaixo dos R$5,60. Apesar de fechar 2021 em alta, o dólar comercial teve queda firme ante o real na última sessão do ano, de 2,09%, fechando cotado a R$5,57. No ano, a moeda acumulou alta de 7,4%. A previsão é que ao fim de 2022 a moeda norte-americana ficará em R 5,55, de R$ 5,50 do cenário anterior.
Combustíveis. O preço da gasolina encareceu em 40% nos últimos 12 meses. O preço da gasolina sempre foi uma preocupação do brasileiro, mas os aumentos frequentes de 2021 deixou os trabalhadores ainda mais preocupados. Segundo a Ticket Log, em outubro de 2021 o valor da gasolina foi 40% maior que o valor de outubro de 2020. De abril para outubro o aumento foi de 13%. Segundo uma pesquisa feita pela ValeCard, a projeção para 2022 indica que no primeiro trimestre vai ser marcada por uma queda acumulada de 5,94% no preço da gasolina, onde o combustível deverá ser vendido a cerca de R$ 6,18 em março, sendo esse o menor índice previsto para o próximo ano.
Desemprego. A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,1% no trimestre encerrado em outubro. A falta de trabalho ainda atinge 12,9 milhões de brasileiros. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Essa é a menor taxa de desemprego desde o trimestre encerrado em fevereiro de 2020. Mas a taxa ainda é maior que o patamar de antes do início da pandemia. Para o próximo ano, em relação ao mercado de trabalho, o Dieese projeta uma diminuição de pessoas desocupadas, popularmente conhecidas como desempregadas, de 200 mil no cenário mais otimista. Porém, a instituição ressalta que pode haver uma diminuição no número de desalentados – trabalhadores que desistiram de procurar emprego – fazendo com que até dois milhões de trabalhadores voltem a procurar trabalho no cenário pessimista.
Bolsa de Valores. Bovespa acumula perda em 2021 e caminha para 1ª queda anual desde 2015. A bolsa de valores brasileira deverá amargar em 2021 a primeira queda anual em 6 anos. O Ibovespa, o principal índice de ações da B3, fechou o penúltimo pregão do ano aos 104.107 pontos, acumulando na parcial do ano uma perda de 12,53%. Diante da alta expressiva nas taxas de juros devido aos riscos fiscais e políticos no Brasil, a XP Investimentos revisou sua projeção de Ibovespa no fim de 2022 para 123 mil pontos, o que representa uma valorização próxima de 20% em relação ao fechamento de ontem. A estimativa anterior da instituição financeira via o índice em 132 mil pontos em meados do ano que vem.