Portal Making Of

Para que servem as memórias?

Claiton Selistre

Foi uma coincidência: da sacada do hotel em que fiquei alguns dias hospedado em Buenos Aires, vi em frente do outro da lado da avenida 9 de julho – próximo ao Obelisco – o hotel Presidente.

Um prédio sem graça, antigão, diferente de 1977, quando ficamos hospedados ali – o narrador Armindo Antônio Ranzolin, o engenheiro da rádio Rádio Guaiba, Homero Simon, e eu – novato na reportagem esportiva. Objetivo: iniciar os preparativos para a cobertura da Copa de 1978.

Ranzolin assumira cinco anos antes a liderança da equipe depois da morte de Pedro Carneiro Pereira. Homero já era um profissional consagrado, que ousou transmitir para o Brasil o Mundial da Suécia de 1958, em um precário sistema de comunicação usando o sistema suíço PTT. O som ia e vinha, surgia do nada, mas por alguns momento baixava tanto o volume que era preciso prestar muita atenção para entender o que se passava. O narrador foi Jorge aberto Beck Mendes Ribeiro, que tinha estilo muito próprio e pronunciava Pelê para o futuro rei do futebol.

Assim, em 77, tínhamos ali no hotel Presidente personagens vitoriosos do rádio. Não foi fácil organizar a transmissao da copa Argentina por conta das dificuldades impostas pela ditadura militar, que vigiava as ruas em Ford Falcon e os corredores do nosso hotel carregando submetralhadoras.

No final, saiu tudo bem. Menos em título, que ficou com orgulhosos argentinos, que cantavam pelas ruas “la copa, se mira e no se toca”.

Esses anos todos depois, do outro lado da rua, o Presidente parece um hotel fantasma. Os dois companheiros estão ausentes. Homero morreu há vários anos – e Ranzolin, adoentado.

E eu estou aqui, me despedindo de Buenos Aires, com a quase certeza que não verei o Presidente outra vez.

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais:

Acima de toda a chuva

Nunca a estátua do Laçador, altivo, olhando firme para o horizonte, teve tanto significado como agora. Ele representa o gaúcho neste momento trágico, assolado pelas

SOS Rio Grande

Uma imensa onda de solidariedade se juntou aos gaúchos nos últimos dias com as chuvas e as cheias de vários rios – e com certeza

Meu celular, por favor

Acorda com o alarme do celular. Abre o X, ou Tik Tok, Instagram. Verifica o WhatsApp a procura das últimas mensagens. Se sobrar tempo, consulta

A chinelada de Gabeira na apresentadora

Os apresentadores da manhã na Globo News voltaram a agitar as redes sociais, depois que Daniela Lima foi retrucada por Fernando Gabeira na semana passada.

SBT cai na real de audiência

As mudanças na programação do SBT, promovidas em março pela filha de Sílvio Santos, Daniela Beyruti, derrubaram a audiência do canal em São Paulo, maior

CBN recupera liderança de audiência

Pesquisa Kantar Ibope divulgada hoje, 10, mostra que a CBN recuperou a audiência em jornalismo/esportes que havia perdido para a Jovem Pan. Nos números obtidos

A mídia de joelhos

Os tabloides britânicos, entre eles The Sun e Daily Mail, e dezenas de artistas e influenciadores mundo afora ficaram de joelhos, envergonhados depois do anúncio

Um narrador competente, por favor

O campeonato brasileiro de futebol vai chegando ao fim com muitos mais acertos do que erros, comprovando que a fórmula de pontos corridos pode ser

A profissão mais perigosa do mundo

Protegido com colete a prova de balas e capacete, o repórter Nic Robertson, da CNN, terminava a visita ao interior do hospital Al-Shifa, em Gaza,

A magia do natal já chegou

Não é só pela decoração de Natal, que os shoppings já têm 45 dias antes de 25 de dezembro, nem pelas notícias vindas da América

Protesto beatlemaníaco

Talvez fosse o caso de enviar uma correspondência para o palácio de Buckingham, direto ao rei Charles, ou talvez mais fácil para Downing Street 10,

Notícias que não alegram

A gente quer ser otimista, mas há muitas conspirações contra. Se ligar no noticiário da TV, então, fica muito complicado. Surge a cobertura da guerra

O jornalista e o sorvete

É uma situação inusitada, que causa repercussão negativa na rede social: por que um jornalista em ascensão profissional elogia uma “sorveteria que reabre de cara

Horror ao vivo

Se ainda precisasse de uma justificativa para acompanharmos os canais internacionais de notícias teríamos várias nesse momento. A guerra Israel/Hamas está sendo mostrada ao vivo