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Gosto é gosto!

Gosto é gosto!

Os mistérios do paladar sempre me intrigaram. Por que alguém adora  sabores que outros detestam e vice-versa? Quem me conhece, mesmo ligeiramente, sabe da minha ojeriza ao pimentão. Há outros alimentos  e temperos de que não gosto muito, como acelga ou coentro, entretanto não vou surtar se tiver que comê-los. Mas, pimentão é o meu calcanhar de Aquiles desde criancinha. Quando viajo sempre tomo o cuidado de saber como se fala pimentão na língua local, para pedir SEM.

Assim como eu detesto o dito cujo, que antigamente só existia verde, e hoje tem vermelho, amarelo, roxo (para quê, Senhor?), outras pessoas se deliciam com o recheado, por exemplo. Existe também a turma inimiga do alho, a da cebola e, até, a do camarão e do palmito! Baseada na própria experiência, tento entender e respeitar o paladar alheio. Minha maior dificuldade é compreender quem não gosta de doce. Nesses casos, já olho para a pessoa meio desconfiada.

Lembrei de uma colega que odiava pato. Um dia, ela estava super contente porque fora convidada para um almoço onde conheceria a mãe do namorado. Digam-me qual a probabilidade de ter pato no cardápio? Pois, a futura sogra serviu …pato com laranja. Não lembro mais como ela reagiu, mas certamente não casou com o rapaz.

Vi também essa situação sob a ótica contrária: a mãe de uma amiga, para agradar o novo namorado da filha, investiu na compra de camarões ” cinco mordidas”, afinal a Ilha de Santa Catarina é conhecida pelos seus frutos do mar. Quando ela colocou aqueles bichos enormes na mesa, ao bafo, ou seja, com cabeça, antenas e tudo, o paulista empalideceu. Quase sussurrando, ele pediu desculpas, mas não ia conseguir comer.

Voltando ao meu pavor pessoal, posso eleger como minha maior tolice no ano passado a promessa/aposta de comer um pedaço de pimentão, caso acontecesse um desejo na política. Para minha sorte e azar, aconteceu. Sou daquelas que paga aposta. Depois de ouvir mil sugestões de “pimentólogos” – faça no forno, o amarelo é mais doce etc… – me vi diante de uma fatia de pimentão vermelho, frito na manteiga. Eu olhava para ele, ele olhava para mim. Tentava enganar meu cérebro, mas quando o pus na boca e senti o sabor detestado, achei melhor engolir rapidamente.

Dizem os especialistas que os pais devem fazer a criança provar um alimento entre oito e doze vezes, até ela aprender a gostar .

Não, não vou provar pimentão mais onze vezes nesta vida. Quem sabe em uma próxima encarnação ele e eu nos entendamos. Nesta vida, garanto, não vai dar.

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Microconto de domingo

Falando em sabor, lembrei deste microconto, desafio proposto pelo professor e escritor Robertson Frizero ao coletivo @literaturaminima: narrar  em cinqüenta palavras o sentimento de alguém longe de seu país.

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Sonhos de Natal

Entrei no site dos Correios para escolher algumas cartinhas – agora online – dirigidas ao Papai Noel.

O inferno de cada um

Não sei quais minhas chances de ir para lá, mas ainda carrego resquícios de medo das severas punições reservadas aos pecadores, ensinadas durante minha infância católica.

Um baú de intenções

Estava procurando um recorte velho de jornal no baú de guardados, quando comecei a achar coisas esquecidas no tempo.