Portal Making Of

Vamos falar de Cinema?

Vamos falar de Cinema?

Voltei, queridos leitores! Espero que tenham sentido a minha falta como senti a de vocês. Depois de uma pausa de quatro semanas, onde vocês tiveram chance de conhecer as preferências cinematográficas de pessoas muito interessantes (obrigada, Vicente Concílio, Robertson Frizero e Cleide Klock pelas entrevistas), a coluna retorna com algumas mudanças.

Quem acompanha Cine & Séries desde sua estreia em agosto de 2017, sabe que ela já foi temática. A cada semana, eu listava filmes sobre um mesmo tema (confira na seção Acervo). O impacto da pandemia do novo coronavírus na nossa vida trouxe o desejo de conversar também sobre outros temas e sentimentos. Surgiram as “Crônicas em Quarentena”.  Agora, um ano e meio depois, este espaço volta a sua gênese: falar de filmes, séries e afins.

Mas, quem curtia as “Crônicas” poderá continuar a lê-las na edição de domingo. Gostaram das mudanças?

E agora, luz, câmera, ação…claquete! Vamos falar de Cinema.

_________________________________________________________________________

 

DICAS

FILMES

A professora do jardim de infância (The kindergarten teacher) – direção: Sara Colangelo – 2018 – Prime Vídeo

Este não é um filme para quem procura ação ou trama simples, mas para quem prefere ser sacudido ao se ver diante de uma história ambígua. A premissa é a de uma professora que aspira ser poeta e descobre num pequeno aluno o dom extraordinário para a poesia. Ela tenta convencer o pai do garoto a incentivar esse dom, busca de todas as formas ajudá-lo e chega mesmo a se apropriar de alguns versos. Aos poucos vai ficando obcecada pelo pequeno e perde a noção de tudo. Maggie Gyllenhall, uma das minhas atrizes favoritas, interpreta a professora andando no fio da navalha. Ela está incrível. Gael Garcia Bernal faz o professor e mentor dela na poesia. Ah, este é um remake do original israelense, que não tive chance de assistir. 

 

No calor da noite  (In the heat of the night)– direção: Norman Jewison – 1967 –

Já vou avisando que Sidney Poitier é um dos meus atores favoritos, então não me cobrem imparcialidade. Mas, o filme é ótimo e ele está impecável no papel do detetive que é preso como suspeito de um crime, apenas por ser negro. Depois, descobrem que na verdade ele é um policial que acabará investigando o caso. Após o sucesso de “No calor da noite”, o personagem de Poitier, Virgil Tibbs, aparece em mais dois filmes.

Indicado a sete Oscars, esta produção levou cinco estatuetas, inclusive de Melhor Filme e Melhor Ator para Rod Steiger no papel do policial racista. Poitier nem foi indicado. Ele havia recebido o Oscar em 1964, por “Uma voz nas sombras”, fazendo história ao ser o primeiro intérprete negro a ganhar o prêmio.

Deixe-o partir (Let him go)-direção: Thomas Bezucha- 2020 – Telecine

Vou me estender um pouco. O sucesso como diretor e intérprete de “Dança com Lobos” (1990) transformou Kevin Costner no astro número 1 de Hollywood. Dois anos depois, outro sucesso: “O guarda-costas”, ao lado da diva Whitney Houston. O fracasso da mega produção “Waterworld” (1995) causou uma reviravolta na carreira do super star. Ele recebeu uma sucessão de troféus “Framboesa de Ouro”, que “premia” os piores do ano, e acabou se tornando “veneno de bilheteria”. Após perder prestígio junto aos estúdios, passou a fazer apenas filmes medianos

Costner nunca esteve entre meus atores favoritos, mas vi “Deixe-o partir” e olhei para ele com bons olhos. Ele me convenceu no papel de um xerife aposentado arrasado pela perda do filho que vai atrás do neto, levado embora pela ex-nora para a família do novo marido. Fiquei pensando que, às vezes, estar no pódium dos semideuses como Robert DeNiro e Jack Nicholson torna esses atores intérpretes de si mesmos. Não é o caso de Kevin Costner que, longe de estar nesse patamar, consegue uma atuação onde ele não é ele mesmo. Quanto ao filme em si, é mediano e tem alguns bons momentos, mas o final estraga tudo. A parceira de elenco é Diane Lane que também melhorou na maturidade. Ela consegue me comover em algumas cenas, como a avó que faz de tudo para resgatar o neto.

***

 

SÉRIES

Nove desconhecidos – 08 episódios – Prime Vídeo

Depois do sucesso de Big Little Lies, baseado no romance de Liane Moriarty, houve disputa para adaptação de seu novo livro. Quem ganhou foi o Hulu que produziu a minissérie, onde o nome forte é de novo Nicole Kidman. Tem ainda mais gente importante no grupo como Melissa McCarthy e Michael Shannon. Nos primeiros episódios (são disponibilizados a cada semana) essa nova adaptação não tem o impacto de Big Little. A ver.

Os nove desconhecidos do título são reunidos num spa de luxo, chamado Tranquilum. Eles começam a receber uma alimentação diferente, fazem jejum forçado e ouvem orientações de uma enigmática terapeuta russa, papel de Nicole. Aos poucos vamos conhecendo o que habita cada cabeça e coração e porque foram selecionados para estar ali, enquanto coisas estranhas acontecem. (trailer Hulu/Amazon – TrailersBR/YouTube)

 

Clickbait – 10 episódios – Netflix

Esta minissérie de suspense caiu nas graças do público, mas da crítica nem tanto. Ela começa com o desaparecimento de um professor e a viralização de um vídeo com acusações contra ele. A ameaça é de que ao chegar a cinco milhões de visualizações ele será morto. Cada episódio foca num dos personagens, a esposa, a irmã, o detetive, o jornalista etc… O pano de fundo são as redes sociais e como elas podem ser usadas para o bem e para o mal. Não é uma série espetacular, mas entrega suspense, reviravoltas e um toque para ficarmos atentos às ilusões das redes. O final é bem ruim, não pelo desfecho em si, mas pelos excessos e inverossimilhança. O principal nome do elenco é Adrian Grenier (de O Diabo veste Prada e da série Entourage).

 

Hierro – 8 episódios – HBO

A Espanha se tornou uma fértil produtora de séries, principalmente de suspense. Esta mostra a chegada de uma investigadora a Hierro, a mais longínqua das Ilhas Canárias. Ríspida e objetiva, ela começa a investigar o assassinato de um jovem na véspera de seu casamento. Aos poucos vai descobrindo uma comunidade fechada, onde todo mundo se conhece e ela é uma estranha. Outra figura central é Díaz, um traficante que se esconde atrás da produção de bananas. Há muitos personagens paralelos, mas o principal é a própria ilha.

_________________________________________________________________________

 

ACERVO C&S

Coluna de 28/09/2018, aqui, mostrava filmes sobre um tema que está na berlinda hoje: o fascismo. 


Foto: Edward Norton em “A outra História americana”  /divulgação

_________________________________________________________________________

 

HAPPY END

Para encerrar: a melhor notícia da semana foi o sucesso do novo filme de Pedro Almodóvar na abertura do 78° Festival de Cinema de Veneza. “Madres Paralelas” levantou a plateia e recebeu aplausos durante nove minutos. O drama mostra duas mulheres que se conhecem quando vão dar à luz no mesmo hospital. Penélope Cruz é uma dessas mães e chegou à Veneza grudada naquele sobre quem ela declarou: “cada vez é um presente (filmar com Almodóvar), o início de uma viagem intensa e atraente. Sempre que ele me propõe um papel, eu penso: ‘Esse homem escreveu mais uma maravilha’. É inútil dizer que seu telefonema é o mais esperado”.

O filme estreia na Espanha em outubro. No Brasil, ainda não há data confirmada.


Foto: Agustin Almodóvar/divulgação

_________________________________________________________________________

THE END

*Fotos reprodução/divulgação

Os colunistas são responsáveis por seu conteúdo e o texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal Making of.

Compartilhe esses posts nas redes sociais:

Um céu de divas

Dizem que saudosismo é sinal de velhice e não devemos cultivá-lo. Mas, ter saudades de uma época, que às vezes nem conhecemos, é permitido? Espero

Para a criançada ler nas férias

Os pequenos estão de férias e nem todo dia é dia de praia ? Incentivar a leitura é a melhor estratégia para tirá-las da frente

“O homem do Norte” e outras decepções

A experiência demonstra que expectativa exagerada quase sempre acaba em  frustração. Esperei meses para ver “O homem do Norte”,  novo filme de Robert Eggers, diretor

O que tem para ver em janeiro

Depois de um fim de ano com lançamentos arrasa-quarteirões, como “Pinóquio”, de Guillermo Del Toro, e “ Avatar 2”, de James Cameron, janeiro começa meio

Inútil futurologia

Inútil futurologia                                           Infeliz é o espírito ansioso pelo futuro [Sêneca] Nós, humanos, remoemos ou sentimos saudades do passado; negligenciamos o presente e ansiamos pelo

‘Avatar 2’, ame-o ou odeie-o

‘Avatar2’, ame-o ou odeie-o Queridos leitores, temos uma nova polarização em andamento. E não é na política! O primeiro “Avatar”, de James Cameron, foi considerado

Aos queridos leitores

Com meu poema de Ano Novo favorito, desejo que, em 2023, se realize tudo aquilo no qual depositamos nossa esperança.                                           Brígida De Poli ESPERANÇA