Na edição passada começamos a conversar sobre os romances de Jane Austen adaptados para o cinema. O aproveitamento da obra da autora inglesa é tão vasto que precisei dividir em duas partes.
Hoje, recomeçamos por seu primeiro livro, publicado em 1811 , Razão e sensibilidade. Foi também o que rendeu uma das melhores versões cinematográficas da obra de Jane, sob a direção do taiwanês, Ang Lee.
Como diz a resenha , “Razão e Sensibilidade” é um livro em que as irmãs Elinor e Marianne representam uma dualidade, de maneira alternada, ao longo da narrativa. As expectativas vividas pelas duas com a perda, o amor e a esperança, nos aponta para um excelente panorama da vida das mulheres de sua época. As irmãs vivem em uma sociedade rígida, e ambas tentam sobreviver a esse mundo cheio de regras e injustiças. Tanto a sensível e sensata Elinor como a romântica e impetuosa Marianne se veem fadadas a aceitar um destino infeliz por não possuírem fortuna nem influências, obrigadas a viver em um mundo dominado por dinheiro e interesse. As duas personagens passam por um processo intenso de aprendizagem, mesclando a razão com os sentimentos em busca por um final feliz.
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Razão e sensibilidade – direção: Ang Lee – 1995 – Netflix e Apple TV –
A história, a fotografia, o diretor e o elenco são ótimos, portanto o resultado é sensacional. Emma Thompson é Elinor e Kate Winslet é Marianne. Como se não bastasse, ainda temos Imelda Stauton ( que fez a rainha Elizabeth na nova fase de The Crown , Harry Potter e Downton Abbey) ,Hugh Grant e o incrível Alan Rickman ( que Deus o tenha) no elenco. ( Trailer de Arquivo de trailer –YoouTube)
Razão e Sensibilidade – minissérie – 3 episódios – 2008 –
Sempre comento que BBC é selo de qualidade. Esta produção é uma beleza. No elenco estão alguns atores britânicos que vem se tornando conhecido do público, graças a Hollywood, principalmente Dan Stevens ( A bela e a fera , O hóspede ), no papel de Edward, o amado de Elinor, e David Morrisey (Dr. Who).
Sem Prada nem nada – direção: Angel Gracia – 2011 – Prime Video
Por curiosidade, existe até esta versão latina e modernizada de Razão e sensibilidade . Quem quiser assistir precisa correr. Está quase saindo do acervo da Prime Vídeo
Emma – direção: Douglas MacGrath – 1996 – Now/Net
Este é o lado mais cômico da obra de Jane Austen. Emma é uma jovem mimada e descontraída que se dedica a promover encontros e casamentos entre os conhecidos. Ela acaba provocando muita confusão e prejudicando a si mesma nas questões do amor. Não morro de amores por Gwyneth Paltrow como atriz, mas ela combina com o papel e o resultado é bem simpático. Ewan McGregor e Toni Collete também estão no elenco. O filme levou o Oscar de Melhor Trilha Sonora.
Emma – direção : Diarmuid Lawrence – 1996
No mesmo ano, saiu este telefilme britânico baseado no romance de Jane Austen. Kate Beckinsale, conhecida pela franquia de terror Anjos da Noite, é Emma, ao lado da sempre ótima Samantha Morton.
As patricinhas de Beverly Hills – direção : Amy Heckerling – 1995
Pois é, antes da Emma de 1996, Hollywood lançou esta versão contemporânea baseada no romance de Austen, tornando-se um dos maiores sucessos da década junto ao público jovem . O filme foi fundamental também para a carreira de Alicia Silverstone que interpreta a garota casamenteira.
Palácio das Ilusões – direção: Patricia Rozema – 1999
Baseado no romance Mansfield Park, o filme mistura o original com dados biográficos de Jane Austen através de cartas. Frances O`Connor interpreta a menina Fanny que deixa a pobreza da casa de seus pais em Portsmouth para viver no luxo com seus tios em Mansfield Park. Mais tarde, ela começa a escrever e seu primo é o único da família que a trata como igual e percebe quão interessante ela se tornou. O resultado divide opiniões, mas sempre vale a pena conferir.
Mansfield Park – direção: Iain MacDonald – 2007
A BBC fez uma nova adaptação de Mansfield Park mais fiel ao livro. O elenco é que não agradou muito. Billie Piper não superou a Fanny Price criada por Frances O’Connor no coração dos fãs da obra de Jane Austen.
A abadia de Northranger – direção: Jon Jones – 2007
“A abadia de Northranger”foi o primeiro romance concluído por Jane Austen. Nele estão os personagens que habitariam toda a obra de Jane. Uma jovem vai morar com uma família em Bath, local onde as moças esperam a oportunidade de serem apresentadas à sociedade. Durante um baile ela conhece uma jovem , seu irmão e o amigo deles que a convida para conhecer a abadia. Ela pensa que viverá grandes aventuras, mas logo descobre que aquelas pessoas tem mais interesse em classe e dinheiro do que nas coisas do coração. Felicity Jones interpreta o alter ego de Jane no filme.
O clube de leitura de Jane Austen – direção: Robin Swicord – 2007
Baseado no livro de Karen Joy Fowler , publicado em 2004, o filme mostra cinco mulheres e um homem que se reúnem para debater as obras de Jane Austen na Califórnia do início dos anos 2000. Eles acabam descobrindo, entre casamentos frustrados, arranjos sociais e afetivos, que suas vivências não são assim tão diferentes das experimentadas pelos personagens da escritora britânica que tão bem descrevem a sociedade de sua época, dois séculos atrás. Os livros de Jane Austen que o grupo analisa no filme são “Mansfield Park”, “Emma”, “A Abadia de Northanger”, “Orgulho e Preconceito”, “Razão e Sensibilidade” e “Persuasão”. No elenco estão Emily Blunt e Maria Bello.
Amor e Inocência – direção: Julian Jarrod – 2007 – Cine Belas Artes
Filme biográfico sobre Jane Austen. Na trama, ela tem 20 anos e está começando a se destacar como uma escritora. Jane está mais interessada em descobrir o mundo, mas seus pais querem que ela logo se case com um homem rico, que possa assegurar seu status perante a sociedade. O principal candidato é o sr. Wisley, neto de uma aristocrata, mas Jane se interessa mesmo é pelo malandro irlandês Tom Lefroy, cuja inteligência e arrogância a provocam. A escritora é interpretada por Anne Hathaway, ainda em inicio da bem-sucedida carreira. No elenco, também estão a maravilhosa Maggie Smith e James McAvoy.
Amor e Amizade – direção: Whgitt Stilmann – 2016
A atriz Kate Beckinsale que fez Emma em 1996, voltou a interpretar outro personagem de Jane Austen vinte anos depois. Ela interpreta a viúva Susan Vernon em visita a casa dos sogros à espera de que os rumores de seus flertes na alta sociedade se dissipem. Enquanto está abrigada lá, resolve encontrar um marido para si e outro para sua filha Frederica. Tomada a decisão, atrai ao mesmo tempo a atenção do jovem Reginald DeCourcy, do rico e tolo Sir James Martin, e do formoso, porém casado, Lord Manwaring, o que complica a situação ainda mais.
Lost in Austen – 4 episódios – 2008
Amanda Price é uma jovem inglesa suburbana com uma vida tediosa e um namorado que a trai e aparece bêbado para pedi-la em casamento. Seu refúgio é poder passar uma noite sozinha com uma garrafa de vinho, lendo e relendo Orgulho e Preconceito no sofá da sala. Até que ela começa a ouvir barulhos estranhos vindos do seu banheiro. Abre a porta… e encontra Elisabeth Bennet, a personagem central do romance de Jane Austen.
Austenland – direção: Jerusha Hess – 2013
Sinopse oficial: com mais de 30 anos de idade, Jane Hayes não consegue encontrar um namorado, porque nenhum homem lhe parece à altura de seu grande ídolo: o Sr. Darcy, personagem criado por Jane Austen no romance Orgulho e Preconceito. Um dia, ela decide gastar todas as suas economias e voar ao Reino Unido, onde existe um resort especializado em acolher as mulheres apaixonadas pelas histórias de Austen. Lá, ela descobre que o homem de seus sonhos pode se tornar uma realidade.
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EXTRAS
-Chegou na Netflix o aguardadíssimo “Agente Oculto” ( The Gray Man)”, com Ryan Gosling e Chris Evans, dois nomes de sucesso. Esta filme de ação e suspense é um dos maiores investimentos da Netflix (que anda enfrentando a debandada de assinantes). A história passeia por vários países, tem muita ação e um roteiro medíocre. Nosso Wagner Moura faz um pequeno papel no filme.
-O canal britânico Cindie (Now/Net) pode ser uma opção para quem anda cansado da mesmice do streaming. O acervo é pequeno, mas traz produções independentes escolhidas para cinéfilos em busca de alternativa. As séries vêm de países como Noruega e Suécia. Precisa ser assinado à parte, mas custa bem baratinho.
-E que tal uma série do Cazaquistão ? Pois é, tem no Belas Artes a la carte. “ Um homem muito sombrio” (2019) conta em três episódios a história de Bekzat, um jovem policial que conhece todos os truques da corrupção das estepes cazaques. Encarregado de encobrir um novo caso de agressões fatais a meninos, ele fica envergonhado com a intervenção de Ariana uma jornalista desafiadora e determinada. O diretor Adilkhan Yerzhanov é considerado uma grande promessa entre jovens cineastas do mundo.
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THE END